quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Azul.


Suando tão frio quanto todos os gelos que eu te dei,
Tremendo tanto quanto você, durante aqueles dias em que eu te fiz passar frio.
É como dizem, é sempre assim, o feitiço caiu sobre o feiticeiro.
Eu continuo achando minha frieza injusta, mas ainda não posso mudar nada.
Não sei controlar.
É mais uma vez a vida zombando comigo,
dizendo que eu não tenho poder sobre meus sentimentos.
Você não sabe o quanto eu quis estar ao teu lado.
O quanto eu quis querer te querer.
E talvez isso chegue perto de um verdadeiro te querer.
Tão perto - mas não o suficiente.
Talvez agora possamos constatar que te faço mais mal, do que bem.
Porque eu me sinto mesmo uma egoísta sem nome
por nunca querer te perder,
mesmo sem nunca querer, realmente, te ter.
Hoje, meu vestido tem novas cores.
Azul-culpa.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Atriz


Olhando para teus olhos,
mentindo sobre tudo.
E me deliciando com cada pausa e cada sílaba,
Eu podia sentir como aquilo te atacava e maltratava feito uma vagorosa apunhalada, leve e delicada.
Uma farsa que me doía a alma, em um misto de prazer e remorso.
O instante passou e eu já havia cumprido impecavelmente meu abominável papel de farsanta.
Tudo decorria como arquitetado.
Mas algo insistia em assolar-me : Era o remorso no seu mais cruel augue.
Por mais que resistisse, uma febre confessinal se instalava no meu corpo.
Precisava com urgência transbordá-la e, ainda mais rapidamente, expulsá-la.
Porque o telefone parecia conter certo magnetismo,  contudo não podia me render.
Corri às paredes, as quais ouviam-me atentas.
E logo, recuperei o folego, refiz as malas da convicção e lhe esqueci,
repetindo para mim mesma que tudo o que vivemos é mudo demais para que possa fazer alguma diferença
e é digno apenas de ser esquecido.
Apesar de não convencida do fervor de minhas próprias falas, resignei-me.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pensando.


Suspeito que haja uma gota de crueldade na minha relação com esse rapaz.
Talvez seja apenas um revés de consciência
e logo, logo eu retrograde aos antigos pensamentos de um segundo atrás.
Mas nesse novo segundo que floresce dentre os ponteiros de nossos relógios,
quero te oferecer algo além deste puro orgasmo que nossos lençóis exalam.
Porque sei que quando escurece, mesmo sem deixar de me desejar por um instante, você pranteia inocentes lágrimas juvenis,
então percebo que tenho sido insensível.
E ainda sei que mesmo ao fechar os olhos,
já nos corredores do sono,
lá você me encontra,
protagonizando seus sonhos,
daí percebo o quanto tenho sido impassível.
Por isso, hoje, vou lhe dar mais do que esse puro orgasmo que passea por nossa cama.
Só por hoje, não serei mais eu sua Senhora, nem você meu vassalo.
Amantes apenas.